segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

INDIFERENÇA


A sala escura iluminada por uma pequena fresta de cortina mostrando a lua tão minguada quanto eu.
         Dose e meia de uisque com duas pedras de gelo para anestesiar a dor e previnir um inesperado arrepedimento.
         A secretária eletrônica espera uma ligação desesperada de pedido de perdão.
         O aparelho de som vomita boleros numa noite inteira de choro e angústia.
         A porta entreaberta aguarda uma visita surpresa.
         Sentada no sofá, sinto sua indiferença gotejando pelos meus pulsos marcando o tempo do bolero até a última música.
         Pela manhã a poça de sangue vibra no chão com a campainha do telefone e na seqüência sua voz doce me chama:
         - Oi amor, você está em casa? Perdi o vôo e a bateria do celular acabou.

         Má Antunes, 26/12/2010.

Um comentário:

  1. Alo, Maria do Carmo
    Voltei pra ler esse seu belissimo conto short cut: cortante, lacerante, de gelar a espinha.

    E também pra convidar você pra visitar meu blog, "inaugurado" hoje: Ostras ao Vento, com meus textos e desenhos de humor.Nesse endereço
    http://www.ostrasaovento.
    blogspot.com/

    Espero que goste
    abraços
    Vasqs

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