A sala escura iluminada por uma pequena fresta de cortina mostrando a lua tão minguada quanto eu.
Dose e meia de uisque com duas pedras de gelo para anestesiar a dor e previnir um inesperado arrepedimento.
A secretária eletrônica espera uma ligação desesperada de pedido de perdão.
O aparelho de som vomita boleros numa noite inteira de choro e angústia.
A porta entreaberta aguarda uma visita surpresa.
Sentada no sofá, sinto sua indiferença gotejando pelos meus pulsos marcando o tempo do bolero até a última música.
Pela manhã a poça de sangue vibra no chão com a campainha do telefone e na seqüência sua voz doce me chama:
- Oi amor, você está em casa? Perdi o vôo e a bateria do celular acabou.
Má Antunes, 26/12/2010.
Alo, Maria do Carmo
ResponderExcluirVoltei pra ler esse seu belissimo conto short cut: cortante, lacerante, de gelar a espinha.
E também pra convidar você pra visitar meu blog, "inaugurado" hoje: Ostras ao Vento, com meus textos e desenhos de humor.Nesse endereço
http://www.ostrasaovento.
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Espero que goste
abraços
Vasqs