Todos os dias, quando eu caminhava pelo parque, via um homem sentado no banco do jardim. O corpo arqueado pelo peso das responsabilidades que a vida lhe trouxe e a pele amarelada pelo tempo. O semblante, cansado de tantas desilusões, e os cabelos alvejados de preocupações.
Girava em torno dele como a terra gira em torno do sol.
Um olhar distante fitava um futuro de curto alcance.
Através das linhas que o tempo desenhou em seu rosto, lia suas histórias: seus sucessos, seus fracassos, suas glórias, seu cansaço.
Quão forte era aquele banco para suportar tanta bagagem!
Me admirava ver como podia um simples banco de madeira carregar uma vida inteira. E tão pequeno o espaço a abrigar a imensidão do tempo.
Há dias vejo o banco vazio. O futuro agora ecoa no vácuo de uma sentença ditada à revelia.
Fico a me perguntar: Será que ele foi feliz para sempre? Para onde foram tantas histórias?
Talvez para o mesmo lugar para aonde vão nossos pensamentos...
Má Antunes, 04/02/2011.
Lindo texto!
ResponderExcluirVocê já assistiu a peça O Homem do banco branco e a amoreira ?? Seria legal ter você na platéia !! Texto sensível !!
ResponderExcluirBonito, suave. Coisa que só uma alma-menina poderia escrever. Parabéns pelo encontro de sua sensibilidade interior e pelo despertar da poetisa.
ResponderExcluirAh! Ia me esquecendo... "na candura de teu colo, macio, perfumado pelo teu suor, sonho com as noites que se foram, nunca perdidas, encostando meus lábios sôfregos em tua carne."
ResponderExcluir