Um fino biscoito de barro
Regado com leite do peito
Na mente a certeza da morte
Revela um futuro perfeito
O sismo da vida arde no ventre
Destino insano rompe a cancela
O choro débil da existência pueril
Ecoa no fundo vazio da panela
O sono analgesia, anestesia,
O torpor da escassez extasia
E a polidez generosa da noite
Traz no sonho infame alegria
Na aridez de um estio pungente
De ignóbeis conveniências mortais
Nem esperanças, nem caridade
E nem o ego brotam jamais
Cai a noite, barriga dói
Faz sofrida a vida de guri
No amanhã um desígnio incerto,
Mas no rosto, a fome sorri...
Má Antunes, 24/01/2011.
Belíssimas quadras.
ResponderExcluirMuito interessante a oscilação entre brancos e rimados. No que tange conteúdo, gostei muito do final e da forma como manteve a agonia sem ser repetitiva.
Aplausos!
Obrigada! Os comentários superaram o poema.
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