Quando chega a hora, em que os pássaros se recolhem em coro festejando o entardecer, e a menina se esconde serena sob o seu manto, procuro os morros rijos para recostar meu cansaço.
Visto a mortalha silenciosa que tange minh’alma e me conduz ao transe inimaginável onde mergulho impiedosa para mais uma viagem rumo às estrelas.
Um cheiro de relva molhada, das florestas indesbravadas, penetram em minhas narinas trazendo a lembrança do cheiro de infância.
Me aquieto e sinto o fluir camlo e lento dos rios correndo para o mar dos meus desejos.
O calor que brota da terra faz acender minha pele, chamuscando faíscas de sedução, explodindo em fogos de artifício.
E como loba no cio, corro para o alto dessa montanha, uivando noite à dentro, implorando à lua que me agracie com mais cinco minutos de sua luz que banha o meu prazer.
É assim, todas as noites em que meu corpo repousa em teus braços.
Má Antunes, 04/04/2011.