terça-feira, 5 de abril de 2011

MORRO DOCE

        Quando chega a hora, em que os pássaros se recolhem em coro festejando o entardecer, e a menina se esconde serena sob o seu manto, procuro os morros rijos para recostar meu cansaço.
         Visto a mortalha silenciosa que tange minh’alma e me conduz ao transe inimaginável onde mergulho impiedosa para mais uma viagem rumo às estrelas.
         Um cheiro de relva molhada, das florestas indesbravadas, penetram em minhas narinas trazendo a lembrança do cheiro de infância.
         Me aquieto e sinto o fluir camlo e lento dos rios correndo para o mar dos meus desejos.
         O calor que brota da terra faz acender minha pele, chamuscando faíscas de sedução, explodindo em fogos de artifício.
         E como loba no cio, corro para o alto dessa montanha, uivando noite à dentro, implorando à lua que me agracie com mais cinco minutos de sua luz que banha o meu prazer.
         É assim, todas as noites em que meu corpo repousa em teus braços.

         Má Antunes, 04/04/2011.

sábado, 2 de abril de 2011

MAL-ME-QUER


Que adianta ter quem não me quer?
Que tens a mim, mas não a alma minha
Que me deixa aqui sempre tão sozinha
Quer apenas meu corpo de mulher

Tirei no bem-me-quer esse querer
Que só um mal-me-quer ele continha
Ditando uma sentença tão mesquinha
Condenando a um eterno sofrer

Procuro em vão por uma flor que diga
Que o futuro possa modificar
Cujas pétalas encontre o meu amor

Cada pétala eu faço uma figa
Pra mudar esse jogo de azar
Livrando a mim de tão imensa dor

Má Antunes, 30/03/2011.