sexta-feira, 27 de julho de 2012

TEMPERO MINEIRO



O corpo que ferve
No estalido da lenha
Nas brasas mansas
Do nosso fogão

É mais do que fome
É mais que apetite
É mais que paixão

É tempero mineiro
Que amacia a carne
A espera da sova
Das tuas mãos

Partes cobertas
Com folhas de couve
Disfarçam intenções
Do meu corpo nu

O suor que escorre
Salga o couro
Deixando molhado
E tenro o tutu

Desejo ardente
Frita o torresmo
E apimenta o angu

Trunfados os pelos
A pino esperam
Pra ferir tua boca
Tal como pequi

Vontade febril
Pururuca a pele
E escalda a loucura
Num afã frenesi

O calor desse fogo
Deixa tudo em chamas
Num vermelho rubi

Neste banquete
Sou mais que comida
Sou tua bandida
Sou tua refém

A mesa está posta
São apenas dois pratos
Só eu e você,
Mais ninguém

Passam as horas
A carne queimando...
Será que você vem?

Má Antunes, 28/12/2011

SEPARAÇÃO


Foi como a morte
No início
Saudade doía forte

Depois amenizou
Dor que alivia
Na cicatriz de um corte

Hoje,
É só uma lembrança
E a esperança
Que o tempo me reconforte

Má Antunes, 27/07/2012


quarta-feira, 25 de julho de 2012

DESPEDIDA



Provei teu sabor
Como quem prova
Duas gotas de cianureto

O sabor da tua morte
Escorre em meus lábios
E umedece
Meu colo
E minhas coxas

Ah! Como foi bom
Sentir o gosto do adeus.

Má Antunes, 25/07/2012

AMAR É...



Amar,
É mar
Mergulho profundo
Na escuridão do infinito
É gritar
Sem ouvir a voz do próprio grito
É acordar de um pesadelo
Aflito
Não respirar
E sentir o tórax contrito

Amar,
É deserto
Matar a sede
Num beijo incerto
É escaldar
Na areia do desacerto
Correr na neve
De peito aberto

Amar
É saltar no abismo
Que não tem fundo
É a dor que corrói
A alma de um moribundo
Coração que para
Por apenas um segundo
Procurar o amor
Indo até o fim do mundo

Má Antunes, 22/07/2012