segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

DESENGANO


Na iminência da paixão
Fez-se o silêncio
De corações
Amordaçados pelo medo

O que resta
É afogar as mágoas
No cale-se, do sangue
Que escorre na garganta
Cortada pelas palavras mal ditas,
Não ditas
Que regurgita
O amargo do desengano
No momento em que cai o pano
E mostra nua
A ferida aberta por mentiras
No momento em que tiras
Teu corpo, moribundo e fétido
Dilacerado das tentativas
De preencher um vazio
No qual não cabias

Má Antunes, 13/02/2012 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

SONETO DE LAMENTO




Lá no alto, a lua triste e ali sozinha
Se lamenta de saudade pelo sol
Incansável, fica a espera do arrebol
Lá no alto, a lua triste e ali sozinha

Agonizante, repousa a pobrezinha
Sob nuvens, que te vestem de lençol
Ouvindo atenta cantar o rouxinol
Que anuncia o chegar da manhãzinha

Solidárias, Três-Marias se aproximam
E por consolo, um brilho ofertam em prol
Para aquela que no alto ali definha

Vão embora, pois meu gosto subestimam
Não há brilho que me aquece como o sol
Responde a lua, tão triste e ali sozinha

Má Antunes, 31/01/2012