Má Antunes em Verso e Prosa
terça-feira, 21 de junho de 2011
ESTIO
Você vem,
Preenche meu vazio
Faz meu suor
jorrar como um rio
Da minha pele
só arrepio
E quando já estou
quase por um fio
Miando
feito gata no cio
Sentindo na barriga
aquele frio
Você vai,
e me deixa
no mais puro estio.
Má Antunes, 20/06/11.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
SUTIL
Minha alma ta tão leve
Que de leve voa ao vento
Voa leve feito pluma
Procurando o seu alento
Vai quicando aqui e ali
Parece até bola de gás
Vai descendo de mansinho
Voa e cai em Minas Gerais
Minha alma ta tão leve
Que de leve ao vento voa
Voa feito passarinho
Viajando assim à toa
Sobrevoa o pé da serra
Pelas matas te procura
Corre rios e montanhas
Busca fonte d’água pura
Pra matar a minha sede
Só tua boca à minha serve
Não me venha c’outra oferta
Pois senão meu sangue ferve
Minha alma ta tão leve
Voa leve feito brisa
Te procura em toda parte
De saudade agoniza
Mas depois de muitos dias
Pés e asas criam calo
Não te acho em nenhum canto
Volto embora pra São Paulo.
Má Antunes, 17/06/2011.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
SEM-TERRA
Abraçava a terra como quem abraçava o mundo.
O corpo entregue lhe permitia sentir um sabor que jamais provara antes: gosto fértil; gosto doce.
O odor de terra molhada o inebriava feito perfume raro.
Os olhos fechados o faziam perder a percepção da dimensão daquele espaço.
Quanto tempo sonhou com aquele momento.
Agora era sua, somente sua. Ninguém o tiraria dali.
Estava feliz, apesar de ter sido enterrado como indigente.
Má Antunes, 15/06/2011
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