quinta-feira, 16 de junho de 2011

SEM-TERRA



          Abraçava a terra como quem abraçava o mundo.
         O corpo entregue lhe permitia sentir um sabor que jamais provara antes: gosto fértil; gosto doce.
         O odor de terra molhada o inebriava feito perfume raro.
         Os olhos fechados o faziam perder a percepção da dimensão daquele espaço.
         Quanto tempo sonhou com aquele momento.
         Agora era sua, somente sua. Ninguém o tiraria dali.
         Estava feliz, apesar de ter sido enterrado como indigente.

         Má Antunes, 15/06/2011

Um comentário:

  1. Que bonito, Má! Através de uma analogia muito inteligente, de belas figuras e de um texto muito bem construído, visualiza-se uma cena quase cinematográfica. Tem algumas semelhanças com um texto meu ("Azul"), embora mais conciso.

    beijo, amiga!

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