Não sei se cheguei tarde
Ou se foi cedo demais
Pra oferecer uma canção
Lançar meus jogos mortais
Sob o meu corpo
Só uma sombra
E o teu cheiro
No meu jardim
Em pratos rasos
As tuas sobras
No coração
A dor que dói sem fim
Entalhei na minha pele
Sua expressão indiferente
Para poder me convencer
Que para sempre será ausente
Fecho meus olhos
Apago sonhos
Calo a angústia
Do meu viver
Tranco o silêncio
Versos componho
Cuspo palavras
Pra não sofrer
Já troquei as fechaduras
Pra ninguém mais poder entrar
Já me vesti com armaduras
Para poder te esperar
Embalo a dor
Com o seu canto
Na esperança
De adormecer
Curo a saudade
Com o meu pranto
Sufoco o amor
No meu louco querer
Não sei se cheguei tarde
Pra declarar o meu amor
Vou esperar por mais um dia
Esperar até o sol se por
Má Antunes, 27/03/2011.