sexta-feira, 27 de julho de 2012

TEMPERO MINEIRO



O corpo que ferve
No estalido da lenha
Nas brasas mansas
Do nosso fogão

É mais do que fome
É mais que apetite
É mais que paixão

É tempero mineiro
Que amacia a carne
A espera da sova
Das tuas mãos

Partes cobertas
Com folhas de couve
Disfarçam intenções
Do meu corpo nu

O suor que escorre
Salga o couro
Deixando molhado
E tenro o tutu

Desejo ardente
Frita o torresmo
E apimenta o angu

Trunfados os pelos
A pino esperam
Pra ferir tua boca
Tal como pequi

Vontade febril
Pururuca a pele
E escalda a loucura
Num afã frenesi

O calor desse fogo
Deixa tudo em chamas
Num vermelho rubi

Neste banquete
Sou mais que comida
Sou tua bandida
Sou tua refém

A mesa está posta
São apenas dois pratos
Só eu e você,
Mais ninguém

Passam as horas
A carne queimando...
Será que você vem?

Má Antunes, 28/12/2011

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