sexta-feira, 3 de agosto de 2012

EPITÁFIO



Talvez eu termine meus dias
no silêncio do bater de asas
de uma borboleta.
Talvez eu termine meus dias
no canto de um passarinho.
Talvez, quando amanheça
eu seja o brilho
na gota de orvalho.
Talvez eu seja o galho
que ampara a flor para o beija-flor
e dá suporte ao ninho.
Talvez eu desperte, serena,
sereia nas águas doces
que escorrem dos olhos da montanha.
Talvez eu seja apenas o lamento
da folha seca que cai
na despedida do outono.
Talvez eu termine meus dias
no sorriso inocente da criança
empinando a pipa nos campos
Talvez eu renasça
no último suspiro da velhice
Talvez, quando a morte vier me buscar
eu esteja tão distraída
olhando a luz das estrelas
que ela passe, completamente,
despercebida.

Má Antunes, 03/08/2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário