quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

OPOSTO



OPOSTO

Você é o meu avesso
Minha porção de loucura
Meu menino travesso
Lado oculto do meu ser
Um lado que não conheço
A parte que me joga pra vida
Um lado que não tem preço

Você é meu sonho
É o ritmo e a rima
Dos versos que componho
Poética da minha prosa
Um conto tristonho
É a dureza da crônica
Um pesadelo medonho

Você é meu sal
Tempero da minha vida
Você é o meu mal
É o mar que me banha
Meu lado irracional
Rompe convenções
Faz meu mundo irreal

Você é canção
Melodia que me embala
Minha inspiração
Bagunça minhas ideias
Dá asas a imaginação
Sabota meu mundo
Com você
Eu perco a noção

Você é fruto proibido
Pecado capital
Que aguça a minha libido
Maçã apetitosa
Que me expulsa do paraíso
Por você vou até o inferno
Por você,
Eu perco o sentido

Você é meu verso
É o meu lado insano
Você é meu reverso
Pensamento que amo
Meu lado perverso
Um mundo sinistro
Parte do meu universo

Você é meu desgosto
É o meu desespero
Meu sol frio de agosto
Imagem distorcida
Em você vejo meu rosto
Você é meu sorriso
Você,
É o meu lado oposto

Má Antunes, 08/01/2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

ALVEJANTE



Pendurei meu sorriso na janela
Pra coarar no sol
Que resplandece do teu olhar

Má Antunes, 16/01/2012

DI-VERSOS



Amor
Amor-oso
Amor-ado
Amor-nado
Amor-enado
Amor-tecido
Amor-tizado
Amor-daçado
Amor-talhado
Amor-tiçado
Amor-ativo
Amor, amor...
Toda forma de amor
Vale à pena!

Má Antunes, 15/01/2012

AOS MEUS AMORES

De todos amores que tive
A cada um
Amei de um jeito
Guardei alguns na cabeça
Outros, ah!
Guardei no fundo do peito

Amores loucos
Amores sãos
Amores profundos
Amores em vão

Muitos foram reais
Outros,
Mera ilusão

Amores doentes
Amores carentes
Amores ardentes
Amores decadentes

Uns me deram alegria
Mas alguns,
Muita decepção

Por muitos eu sofri,
Chorei
Por muitas vezes
Até me matei
Mas por todos
Eu vivi

Tive amores platônicos
Amores expressos
Amores atônitos
Amores complexos

Amores eternos
Amores fugazes
Amores fraternos
Amor de novela

Cada um sem igual
Mas todos,
Exatamente todos,
Foram por mim
Muito, mas muito amados.

Má Antunes, 21/09/2011.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

CALÇADO



Pus os pés na realidade
Mas meu número era maior
Então, voltei a calçar os sonhos

Má Antunes, 13/01/2012

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

AÇÃO E REAÇÃO



Por que mentes? Descarad’ ordinário
Se tu’alma t’entrega, te delata
Mostrando ao mundo um coração de lata
Mantendo assim semblante refratário?

De meninas furta sonhos primários
Subir no altar, vestir o véu de prata
Que ingênua e obedinete a espera acata
Viver um lindo amor imaginário

Mas mentira verdade se transforma
Qu’a nenhuma mulher a lábia encanta
Desmascarando c’ honra tua feita

Pois há justiça, isso me conforma
Nesta vida se colhe o que se planta
Fruto amargo terá tua colheita

Má Antunes, 21/03/2011.

CINTILANTE



O brilho das estrelas
não passam de meros reflexos
que resplandecem das lágrimas
derramadas pela lua
por invejar
o brilho dos teus olhos.”

Má Antunes, 12/01/2012


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

INJÚRIA



Hoje, lembrei-me daquele dia
Em que no altar pra mim olhavas
Em minhas mãos tu seguravas
E um grande amor me prometia

E eu, pura, inocente, sorria
De véu e grinalda vestida
Nas mãos, buquê de margaridas
Jurei que por você morreria

Juntos viverão em harmonia
Esta mulher farás contente
Serás fiel eternamente,
Rezava o padre na homilia

Ah! Como eu não sabia
Que falsa promessa tu juravas
Quão grande dor que me esperava
Quão curta era minha alegria

Houve muita festa e cantoria
Fartura de bebida e comilança
Parecíamos duas crianças
Dançamos até raiar o dia

Tentando disfarçar sua agonia
Tomou-me nos braços de mansinho
Em núpcias, conduziu-me com carinho
Amou-me com grande euforia

Após momentos de magia
Que com suavidade me tocou
E em mulher me transformou
Nos braços teus eu adormecia

Ao acordar, chorei em histeria
Ao ler o bilhete sobre a cama
Lançando meu nome na lama
Apenas minha pureza tu querias

Má Antunes, 31/10/2011.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

DESENCANTOS



E o que era fantasia
Congelou,
Em solidão de guerra fria
O encanto se quebrou,
Morbidez do dia a dia
Num instante aquietou,
Feito mar em calmaria
Em partículas dispersou,
Como pó em ventania
Quebrou algemas, libertou,
Um escravo em alforria
Num passado transformou
Uma lembrança, nostalgia
Riu de mim, até zombou
Um destino em ironia
Sofrimento em mim lançou
Coração em agonia
Um diálogo cessou
Só silêncio, afasia
Sem abrigo me deixou
Implorando moradia
E agora aqui estou
Sem a tua companhia

Má Antunes, 19/12/2011