domingo, 3 de outubro de 2010

POEMA EM GEL


Compõe em meu corpo
Adocicados poemas
Com salivas, vivas, lascivas,
Puro mel, geléia real,
Num gesto quase fatal,
Extraindo-me o ar,
Faz meu corpo arrepiar,

Tatua minha pele
Feito meu dono
Marcando seu rebanho,
Mesmo sendo um estranho
Que encontrei a poucas horas
A ti me entrego agora

Não termine esse poema
Me pinte com essa tinta
Enquanto a noite não finda
Não escreva fim, escreva ainda
Me cubra de reticências
De aspas, referências

Virei a página, meu estranho
Em minha pele a tinta secando
Meu corpo por sua língua chamando
Pra ser mais uma vez
Seu bloco de anotações
Onde você não escreve fim
Mas quem sabe, talvez.

Má Antunes, 31/05/2010.

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